Em 1982, André Maggi teve o interesse de arrendar uma fazenda em Rondonópolis, sul de Mato Grosso. As terras eram a Bom Futuro, de propriedade de três médicos de São Paulo que, na época, produziam 2500 hectares de agricultura e 1000 hectares para pecuária e tinham um secador.
Porém, precisava de alguém para “tocar” o negócio e chamou seu sobrinho, Eraí Maggi Scheffer, que já estava pelo estado tentando outros negócios.
“Eu lembro que ele (André Maggi) me ofereceu 5% da produção para administrar essa fazenda. Eu ganharia aqui ‘livre’ o que eu ganhava no Paraná bruto. E lá ainda tinha que pagar adubo, máquina, despesa, aluguel, sobrava 10% ou 20%”, conta Eraí.
O patriarca da família, Antônio Scheffer, havia falecido seis anos antes. “Comentei com o tio André que ‘tocava’ o negócio lá no Sul com minha mãe e meus irmãos, ficava ruim sair da responsabilidade. Ele disse para virmos todos para cá, ele entrou com o dinheiro e nós com a mão de obra, meio a meio”.
Elusmar Maggi Scheffer lembra exatamente como foi do Sul para Mato Grosso. “Saímos às 3 da manhã de São Miguel do Iguaçu e chegamos em Rondonópolis, na frente da Bom Futuro, no dia 2 de junho de 1982, às 20h45”.
Os dias e meses a partir daquela data foram de muito trabalho, quase sem parar. Elusmar tinha planos de ficar em Mato Grosso por alguns anos, juntar dinheiro e voltar para o Paraná. “Eu trabalhava sem parar, meu rebite era café com leite que minha mãe ajeitava. Cheguei a ficar 15 dias sem dormir, tocava direto. Foi divertido, se fosse fazer de novo, faria sem nenhum pouquinho de arrependimento”, afirma Elusmar.






Fernando começou a percorrer Mato Grosso com os irmãos muito jovem, por volta dos 14 anos. Com o tio André fazendo a proposta para arrendamento da Bom Futuro, ele lembra que toda a família, sem exceção, se pôs a trabalhar para que o negócio desse certo. “Na época, eu com uns 17 anos, só tínhamos um trator e uma caminhonete D10. Era muito trabalho, a gente fazia de tudo um pouco. Era na lavoura, era mecânico, se o trator quebrava, desmontava, montava de novo. Tudo nós mesmos”, recorda.
O amigo Antônio Carlos Rocha Moraes, Carlinhos, também veio do Paraná desbravar as terras mato-grossenses. Trabalhou com os irmãos Maggi Scheffer nos plantios e colheitas da Bom Futuro. Mas a saudade de São Miguel do Iguaçu também apertava e ele conta que Eraí era quem segurava todos no propósito de dar certo.
“Um dia falei pra Erai que tinha um ano que estávamos lá naquela gleba, só trabalhando, nunca tínhamos ido pra cidade. No Paraná, eu ia no baile aos sábados, jogava futebol. Ele me respondeu que isso era uma fase e que acaba. Olhei para os lados e vi Elusmar trabalhando, Fernando ‘molecão’ em cima de um trator gradeando a terra, Dona Luzia no fogão cozinhando para os peões e pensei: é aqui que vou ficar”, relata Carlinhos.